domingo, 11 de dezembro de 2011

Alada Sophieé pés de alabastro

"Asas, asas, as guardo para mim!
Só revelo, por sopros, uma espiral sem fim,
repleta de carícias verdejantes de sibilante significado,
que palavras vãs e iníquas jamais teriam falado!"

O charadista continuava por apresentar seu amigo, Jaremy, e com metáforas falava de asas, asas alvas como o leite de tulipas..

"Tu ru ru, tu ru ru, tu ru tu ru ru ru ru ru" serpenteava o flautista, apontando para Cyanjack com a ponta de sua perene flauta transversal.

E pela noite afora, nas areias da praia, sob o céu pululando com estrelas, os dois amigos encantaram dezenas de corações com palavras recitadas com doçura e tristeza; outras sopradas em compassos disformes por lábios em embocadura quente de tanto sibilar. Suspirava, suspirava, suspirava até não poder mais a inebriada Sophieé, dama de três-mais-vinte, que nada sabia da vida. Cambaleava de paixão sem saber quem amava mais, se o ácido misterioso ou o gentil galante, ambos o mesmo inquieto falador, de cartola, camisa vermelha xadrez e sorriso amarelado. Enquanto o flautista distribuia alguns botões de rosa, Cyanjack deu conta de dar ainda mais asas ao coração de pobre Sophieé;

"Dança, canta, craveja o chão com tua graça!
Por que teus preciosos pés o são como um adorno,
peço-lhe teu amor que constantemente me enlaça,
e imploro, doce dama, um último beijo, para meu bom sono.

Questiono eu então, por que hás de me conquistar?
Se em meus sonhos me foi dado o dom do ser sozinho?
Bem sei que amável e de desejo é teu âmbar.
Então declara a mim todo o teu amor e teu carinho!

Asas, asas, as escondi de ti!
Pois meu anjo, sem elas, não podes deixar-me a mim.
Mesquinho, a quero só ao meu lado e por fim,
amaremo-nos eternamente sob estrelas, mesmo aqui!"

E entre rosas rodopiando pelo ar cheio de sereno, nossos amigos conquistadores vagam, triunfantemente, rumo ao próximo povoado onde irão espalhar todo o amor do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário